sexta-feira, 11 de julho de 2008
quarta-feira, 18 de junho de 2008
Globalização une pessoas de todos os cantos do mundo através de esperanças e medos. Normalmente, quem tem influências nos acontecimentos da globalização, fala dela entusiasticamente, defendendo-a como sendo um processo positivo e solução para os tempos modernos. Por outro lado, quem se sente entregue e impotente frente á Globalização, fala com medo sobre este fenómeno, temendo uma maior desigualdade entre países e dentro dos mesmos. Não é de admirar.
É importante realçar que, o conceito 'Globalização' não existia em nenhum dicionário do mundo antes de 1990. Espantoso como as mudanças estrondosas obrigaram á necessidade do seu uso. Podemos referir a evolução repentina das tecnologias de informação nos anos 90 que em muito possibilitaram o surgimento de novas técnicas de produção ( em tempo real e eficazmente). Exemplo disso são as transacções financeiras que puderam assim ser feitas rapidamente e a nível mundial.
Existem vários factores que em conjunto dão forças a este fenómeno servindo de elementos de ligação entre as pessoas. A língua Inglesa, a unidade monetária Euro na comunidade europeia e as grandes potências mundiais produtoras de famosas marcas e outros espécimes que tornam um individuo viciadamente pendente. Já ouviu falar do 'American Dream'? Pois bem, é um sonho que se tornou praticamente um sonho global. No entanto no que toca á crise ambiental vejamos: a população está a aumentar consideravelmente e cada vez mais os ideais de bem-estar são regidos pelo estilo de vida dos mais privilegiados. Pela lógica, se, por exemplo, 10 biliões ou até mesmo 6 biliões de pessoas copiassem o estilo de vida dos EUA, seria uma autêntica catástrofe ambiental. Assaltos e conflitos seriam apenas algumas das outras consequências. Por isso mesmo, ao contrario do que aconteceu ate aos tempos de hoje, terá de ser possível satisfazer este desejo de bem-estar com uma menor danificação e gasto da Natureza. Isto pode ser um projecto prometedor a nível tecnológico a meu ver. Como? Veremos então algumas feridas dos tempos modernos:
- Todos os dias extinguem-se 50 ESPÉCIES DE ANIMAIS E PLANTAS, devido á destruição dos seus habitats naturais através da fixação do Homem e outras coisas mais (muitas vezes evitáveis).
- O clima, ao contrario do que se pensava até bem á pouco tempo, está a modificar-se cada vez mais rápido e de modo ameaçador. Também aqui a intervenção do Homem tem um papel relevante.
- A escassez de água acentua-se cada vez mais e ameaça a base de sobrevivência de milhares de pessoas. Novos conflitos internacionais, motivados pela disputa da água deverão aparecer nas próximas décadas. Será a disputa pelo 'petróleo transparente'.
- O desperdício de energias não-renováveis, de matéria-prima e a emissão de substâncias poluentes são factores negativos para o meio ambiente.
E perguntam novamente o que têm as tecnologias de prometedor aqui. Pois bem, com os avanços tecnológicos seria possível apostar em soluções para estes problemas tais como a substituição por energias renováveis. E perguntam os leitores indignados 'Então mas isso não se faz já há algum tempo?' A pergunta deveria ser: 'Mas serão os avanços tecnológicos capazes de utilizar essas energias alternativas em áreas que hoje mais necessitamos?' Lia no outro dia num jornal alemão que em resposta á crise dos combustíveis ( e para evitar voltarmos a andar de burro), que se andava a aperfeiçoar tecnologias em automóveis para que estes fossem movidos a painéis solares. Uma solução aparentemente difícil mas não impossível. E dava um jeitão do caraças se resultasse.
A Globalização mostra assim aspectos negativos e positivos, favorecendo mais uns que outros. Falando no pobre e no rico, estes são termos cada vez mais antagónicos em consequência dos efeitos da Globalização, traduzindo, o pobre é cada vez mais pobre e o rico cada vez mais rico. (E os da classe média que pague os impostos e nem um piu!) Estes efeitos da globalização são sentidos nos países mais pobres ou nos países onde a riqueza não é distribuída da forma mais justa. E as ajudas dos mais ricos aos mais pobres são uma gota de água no oceano. A Globalização é vantajosa sim...mas para quem?
DG.
segunda-feira, 16 de junho de 2008
domingo, 15 de junho de 2008
a carta
"há dias em que não sei se o voltarei a ver. e eu vou morrer sem ele. eu não posso ler esta carta, pois é com esta carta que ele se despede de mim. o nosso amor não pode sobreviver. com a abertura desta carta morremos. porque não fugimos há mais tempo? tivéssemos antes fugido sem nos virarmos uma única vez pra trás. não sei o que dizer. ameaça-me com tudo com que me possas ferir e amedrontar. não conheço o caminho para a saída. mas espero que esta prova final não me apague definitivamente. o nosso amor não poderia ter existido. e com a abertura desta carta morremos. morremos." in a carta, XV
sábado, 31 de maio de 2008
era uma segunda feira de manhã, quarta talvez. de longe já se ouvia o comboio guinxando e ela apressava-se em passo de corrida em direcção á estação. era uma distância difícil a percorrer em pouquíssimo tempo, até ao interior da primeira carruagem. por isso, ela decidiu parar o passo de corrida. no entanto estava praticamente alcançado o comboio quando se fez soar o toque de partida. um frio percorreu-lhe estupidamente a espinha enquanto ficava a olhar o comboio a afastar-se. 'Porra!' pensou. mas não adiantou de nada. era dia de exame de alemão. 'Ainda por cima' pensou novamente. avançou de braços descaídos até ao banco mais próximo e sentou-se a olhar para um pombo preto, pousado num ramo de árvore que havia mesmo por cima da sua cabeça. 'Com tanto azar, só faltava o bixo cagar-me em cima da cabeça já agora...' pensou outra vez. ainda faltava imenso tempo para o próximo comboio...abriu o caderno de desenhos e pegou no lápis. de repente, apesar de continuarem lá, todos os ruídos abafaram-se e as pessoas que esperavam o comboio apagaram-se.
«a menina bem que se esforçou.», soou de algures uma voz idosa «bem que merecia. é injusto não é?»
«a menina bem que se esforçou.», soou de algures uma voz idosa «bem que merecia. é injusto não é?»
ela levantou a cabeça para localizar a voz.
«eu bem a vi correr. esforçou-se» repetiu.
uma senhora de cabelos incrivelmente brancos, sentada ao seu lado, olhava-a com olhar pequenino e azul. notava-se um certo saber na pose simples, no pousar delicado da mão sobre o colo e na sua forma de vestir simples mas combinada. a sua mão direita pousava sobre um guarda-chuva preto que certamente lhe servia de apoio ao andar.
«sim mas era praticamente impossível apanha-lo. não faz mal» respondeu
«não. faz sempre mal quando se perde algo. faz sempre mal» a velhota suspirou. «a menina é muito jovem, ainda vai perder muita coisa mas pode-se encontrar muitas mais, se quisermos»
parecia paleio de filósofo. causava um certo desconforto. porém ela continuou o raciocínio secamente
«pois, só perdemos se quisermos» estava desanimada e sem paciência para conversas de senhoras-solitárias-com-necessidade-de-meter-desesperadamente-conversa-com-alguém. ela continuava a desenhar no seu caderno de desenhos. houve um momento de silêncio. o que ela estranhou um pouco. sem levantar a cabeça, passava a borracha pela folha.
«é a menina não é?» perguntou a velhota tocando com os dedos numa das figuras desenhadas.
parecia paleio de filósofo. causava um certo desconforto. porém ela continuou o raciocínio secamente
«pois, só perdemos se quisermos» estava desanimada e sem paciência para conversas de senhoras-solitárias-com-necessidade-de-meter-desesperadamente-conversa-com-alguém. ela continuava a desenhar no seu caderno de desenhos. houve um momento de silêncio. o que ela estranhou um pouco. sem levantar a cabeça, passava a borracha pela folha.
«é a menina não é?» perguntou a velhota tocando com os dedos numa das figuras desenhadas.
«eu? quer dizer...mais ou menos», 'que raio de resposta' pensou ela enquanto e velhota de cabelos brancos dizia de sorriso na cara
«não tenha vergonha, eu já fui da sua idade. », ela sorriu e a velhota deu-lhe umas palmadinhas na mão «agora eu...olhe para mim. estou velha. eu é que já perdi quase tudo. encontrei uma vez um rapaz tinha eu 21 anos feitos», dizia olhando o desenho «mas deixei-o perder menina. já fui da sua idade»
«estou a perceber.» disse ela tocada pela memoria da velhota e pelos jogos de palavras por ela usados.
«vi que percebeu. se não tivesse parado de correr, não teria perdido o comboio»
«não vou perder mais comboios», disse retribuindo a metáfora ao mesmo tempo que lhe dava a impressão de ver surgir um brilho de lágrima na senhora dos cabelos brancos. «olhe! vem aí o comboio».
«boa viagem menina»
«obrigada minha senhora» disse ela sorrindo ao mesmo tempo que entrava no comboio. o resto do caminho, as ideias estúpidas como cagadelas de pombos, substituíram-se por
«não tenha vergonha, eu já fui da sua idade. », ela sorriu e a velhota deu-lhe umas palmadinhas na mão «agora eu...olhe para mim. estou velha. eu é que já perdi quase tudo. encontrei uma vez um rapaz tinha eu 21 anos feitos», dizia olhando o desenho «mas deixei-o perder menina. já fui da sua idade»
«estou a perceber.» disse ela tocada pela memoria da velhota e pelos jogos de palavras por ela usados.
«vi que percebeu. se não tivesse parado de correr, não teria perdido o comboio»
«não vou perder mais comboios», disse retribuindo a metáfora ao mesmo tempo que lhe dava a impressão de ver surgir um brilho de lágrima na senhora dos cabelos brancos. «olhe! vem aí o comboio».
«boa viagem menina»
«obrigada minha senhora» disse ela sorrindo ao mesmo tempo que entrava no comboio. o resto do caminho, as ideias estúpidas como cagadelas de pombos, substituíram-se por
'Se paras de correr, perdes o comboio e só o perdes se quiseres...'.
Diálogo na estação de comboios
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